RESUMO
A violência doméstica tem afetado de forma avassaladora as nossas crianças. O seu desenvolvimento escolar e emocional, criando uma geração muito propensa à violência social. Ao procurar entender o que, e como se dá estes tipos violência contra crianças e adolescentes, em seus próprios lares, onde por convenção deveriam desfrutar de condições propício ao seu bom desenvolvimento sócio emocional, entenderemos parte deste problema tão sério, e difícil de solucionar, principalmente por não existirem medidas únicas, e sim por estarem correlacionados há outros fatos que levam a existência da violência, tais como: o alcoolismo, dependência química. A exposição destas crianças e jovens se dá mais devido ao fato, de que, medidas de combate ao tráfico de drogas, e campanhas contra o uso indiscriminado de bebidas alcoólicas, só fizeram parte de campanhas governamentais a partir da década de 1990. Sendo ainda, a violência gerada do tráfico de drogas, e criminalidade em geral, fatores que deixam as famílias de baixa renda muito expostas a estas formas de violência. Estas populações foram durante muito tempo levadas a viverem quase que marginalizadas. Em consequência seus filhos ficaram expostos há criminalidade. Seus pais também sofreram este processo de marginalização, consequentemente, as famílias formadas daí, tiveram sérios problemas em sua socialização, vindos ocasionar sérios danos sócios emocionais e de aprendizagem escolar.
Palavras–chave: Violência. Infância. Adolescência.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................... 8
1 INFLUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO ENSINO................................... 9
1.1 A VIOLÊNCIA ATINGE A CLASSE ALTA E BAIXA...................................... 14
1.2 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E A FAMÍLIA................................................ 16
1.3 FAMÍLIA E ESCOLA – INSTITUIÇÕES PARCEIRAS...................................... 18
2 PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA VÍTIMA..................................... 21
2.1 OS JOGOS NO PROCESSO DE CURA DA VIOLÊNCIA...................................... 26
CONCLUSÃO...................................................................... 28
REFERÊNCIAS.................................................................... 29
INTRODUÇÃO
Este trabalho foi realizado com o objetivo de conhecer as dimensões da violência, denunciar e mostrar casos de violência doméstica que ainda são desconhecidos e que trazem sequelas irreparáveis a muitas crianças. O grande desafio na construção deste texto foi analisar e mostrar que existem muitos tipos de violência que atingem o nosso país. Tanto as grandes cidades quanto o campo.
Está em destaque, neste trabalho, a violência que ocorre no âmbito doméstico, lugar onde deveriam existir plenas condições para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças; um lugar que convencionou-se chamar de lugar de paz, ou seja, sem perigo.
Os fatores geradores da violência são vários: baixo poder aquisitivo, falta de diálogo entre pais e filhos, desemprego, alcoolismo, dependência química, dentre outros. Estes são analisados aqui, procurando verificar como contribuem para a desestruturação e o desequilíbrio emocional das crianças, ocasionando sérios prejuízos para a aprendizagem.
1 INFLUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO ENSINO
Quando se apresenta a questão da violência, parece pensar-se apenas em um tipo: a específica, a violência física. Ignora-se que ela seja algo que ocorre em muitos espaços e tem várias dimensões, além de poder ser de várias formas.
Na verdade a violência manifesta-se de diversas formas, envolvendo pessoas agressoras e vitímas de idade, sexo, classe social, raça, religião e nacionalidade também diversas. Pode ocorrer dentro da família, contra crianças, jovens, mulheres, idosos e portadores de necessidades especiais. Pode ocorrer na escola. Nas cidades chamamos violência urbana: homicídio, violência no transito, violência ambiental. Mas pode ser detectada no campo e se manifesta, muitas vezes, pelas condições desiguais de posse da terra.
A violência está no mundo com as guerras e atentados terroristas. Está relacionada também ao desemprego, à falta de saúde, à falta de educação, à corrupção, aos baixos salários, à fome, à miséria, à inflação, à falta de habitação, ao quadro de desigualdade social, à falta de projetos econômicos de crescimento e à falta de segurança que, somados, acarretam a violência estrutural e social que rodeia a população brasileira e mundial.
As causas de falta de segurança e da violência são múltiplas e complexas, necessitando de medidas emergenciais por parte do governo, porque ela abrange situações que acontecem em muitos lugares e chegam a nossa consciência com tamanho e valores diferentes. Isso porque, segundo a constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988, art. 227),
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito a vida, à saúde, à alimentação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária de colocá-los a salvo de toda forma negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
A sociedade deixa fragilizadas as pessoas que estão sem emprego, resultando em revolta e o consequente desequilíbrio emocional. Isso é uma das principais causas de geração de conflitos e violência, inclusive doméstica.
A violência, especialmente nas grandes cidades, parece tão entranhada em nosso dia a dia que pensar e agir em função dela deixou de ser um ato circunstancial para transforma-se num ato de sobrevivência. As pessoas vivem amedrontadas e muitas vezes querem morar no interior por ser um lugar tranquilo, com menos tráfico de drogas, assaltos, sequestros, agressões e uma série de outros tipos de violência.
A família e os seus integrantes sofrem este processo (violência), onde nem mesmo as crianças escapam as suas consequências, chegando até mesmo aos recém-nascidos, que para o ECA, é incapaz de se manter, defender-se, e sobreviver só, necessitando, portanto do adulto para suprir suas necessidades. O artigo 5º do Título I das disposições preliminares do ECA Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) anuncia que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ocasião ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
O abuso de poder pode levar o adulto a ser violento com seus próprios filhos, comprometendo os mesmos em seu desenvolvimento cognitivo, interferindo negativamente nas suas produções, na concentração mental, interação e integração com seus colegas, pois a criança se sente como alguém incapaz de expor seus sentimentos. Outras vezes, se torna uma criança agressiva que não sabe receber afeto, mas só bater, porque foi isso que aprendeu em sua casa.
Há, portanto, dimensões da violência que parecem “invisíveis”, pois não as reconhecemos como violência. Parecem coisas naturais, fruto da fatalidade ou destino, como a discriminação contra as pessoas por nacionalidade, origem regional, opção sexual e raça. Em sua maioria são as crianças as principais vítimas da violência doméstica, como foi noticiado pelo Jornal Extra, edição do dia 25 de maio de 2009, à pag.12:
Criança sofria tortura dentro de sua própria casa, os pais foram denunciados pelos vizinhos. A criança apresentava ferimentos pelo corpo e sinais de desnutrição. Segundo a polícia, a criança contou que passava a maior parte do tempo presa no banheiro, não comia direito e apanhava da mãe e do padrasto. Apresentava, também, queimaduras em suas mãos.
Esse tipo de violência doméstica é a forma mais comum de diagnosticar, pois está geralmente associada a uma punição ou disciplina e com frequência se encontra marcas do instrumento utilizado na agressão, tais como cintos, fivelas, cordas, dedos, objetos cortantes, sendo geralmente repetitivas e aumentando de intensidade a cada investida. As lesões mais frequentes são hematomas encontrados simetricamente em regiões como tronco, nádegas e coxas. Podemos encontrar, também, lesões como queimaduras de 1º, 2º, e 3º graus. Estas são muito comuns nas nádegas, mãos e pés. A criança se vê indefesa diante de tal situação.
A criança, quando espancada, frequentemente pode sofrer lesões irreparáveis como traumatismo abdominal e craniano. Essa tem sido a causa de milhares de óbitos infantis. Um terço das internações de crianças nas emergências dos hospitais é por causa da violência doméstica.
A violência física é bastante comum em criança de zero a 6 anos. As fraturas são frequentes, podendo ser únicas, múltiplas, antigas e recentes com idades diferentes de consolidação. Quando acontece de a criança sofrer fraturas de costelas, o médico exige um raios-X completo do esqueleto para detectar outras fraturas já consolidadas. Muitas famílias têm como método de agressão física, um meio e forma de “educar” os seus filhos. Há ações comuns de sacudir, sufocar, queimar, espancar e até mesmo uso de revólver. Esses são métodos classificados como graves de educação dos filhos. Muitas mães acham que um “simples” beslicão, palmada ou um tapinha quando necessário não faz mal a ninguém, não sabendo ela que pode atrapalhar o aprendizado da criança.
A violência psicológica não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes para o resto da vida. Caracteriza-se pela rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições aplicadas exageradamente, ocasionando sequelas irreversíveis. Ela é feita com agressão verbal, ameaças, gestos e posturas agressivas.
O histrionismo é um comportamento caracterizado por colorido, dramático e com notável tendência por buscar atenção. A pessoa histérica conquista seus objetivos através de um comportamento afetado, exagerado, exuberante e por uma representação que varia de acordo com as expectativas da plateia. Usa também do silêncio, isolando-se no quarto, ou recuando-se a não querer incomodar ninguém. São atitudes que as pessoas apresentam de imediato, para conseguir seu objetivo. A pior atitude do histriônico é quando quer fazer tudo com perfeição para mostrar o tamanho da incompetência do outro. A pessoa que apresenta esse perfil tem satisfação em ver alguém ser inferiorizado. Essa situação ocorre muito com os pais.
A violência verbal é manifestada quando agressores verbais dirigem-se a outros membros da família, incluindo momentos quando estes estão na presença de outras pessoas estranhas ao lar, infernizando a vida do outro com questionamentos sem fundamentos e atribuições errôneas do comportamento do outro que, muitas vezes, se cala. O silêncio machuca mais do que se tivesse falado alguma coisa. Nesses casos a arte do agressor está exatamente em demonstrar que tem algo a dizer, mas fica quietinho em seu canto; não se queixa de nada. Também é considerado como violência doméstica o abandono e a negligência quanto a criança, parceiros ou idosos.
As transgressões sexuais são outra forma de violência e acabam acarretando culpa, vergonha e medo na vítima e mesmo nos possíveis denunciantes. Mulheres preferem viver juntas a separadas de seus maridos. Neste caso há uma omissão por parte da mãe quanto à agressão. O abuso sexual é uma situação em que uma criança ou um adolescente é usado para gratificação sexual de adulto ou mesmo de um adolescente mais velho, o que pode incluir desde carícias, manipulação da genitália, mama ou ânus. Também pode ocorrer o “voijeurismo” , uma forma bastante comum de violência contra a criança.
Abuso sexual sem contato físico:
1 - Abuso sexual verbal. Conversas abertas sobre atividades sexuais destinadas a despertar o interesse da criança ou adolescente.
2 - Telefonemas obsenos. A maioria é feita por adultos, especialmente do sexo masculino, podendo gerar ansiedade na criança ou adolescente.
3 – Exibicionismo. A intenção, neste caso, é chocar a vítima. A experiência pode ser assustadora.
4 – Voyerismo. Observação de atos ou orgãos sexuais sem que a vítima perceba.
5 – Pornografia. É uma forma de abuso sexual da criança ou do adolescente, cujo objetivo, muitas vezes, é a obtenção de lucro financeiro. Crianças ou adolescentes de 3 a 17 anos são utilizados no papel de atores, atrizes ou modelos em vídeos, fotografias, gravações ou filmes obscenos.
A prostituição infantil tem sido uma forma de violência muito comum, envolvendo crianças de até 3 anos de idade. Ocasionalmente, pais que vivem em situações miseráveis vendem seus próprios filhos. A questão da prostituição infantil envolve, no Brasil, milhares de crianças e adolescentes vítimas de situação socioeconômica extremamente desigual. Neste caso, também é praticada a violência socioeconômica.
Frequentemente, a 1ª relação sexual de uma criança prostituta é com o próprio pai, aos 10, 11 ou 12 anos. Na maioria das vezes, o pai é o abusador. A criança sofre por maus tratos, carência de alimentação dentro de casa, fazendo com que a mesma se prostitua para levar alimentação para casa, muitas vezes influenciada pela família.
Muitas crianças e adolescentes são vítimas do tráfico de drogas e de armas ou levadas ao exterior, para exploração sexual, também por rede de pedofilia ou de prostituição internacional. Crianças ou adolescentes são mais vulneráveis a esse tipo de abuso; geralmente são de segmentos mais pobres ou os mais marginalizados de um grupo social e sofrem exclusão devido a questão étnicas, religiosas, políticas ou econômicas. Esse tráfico sexual acontece, muitas vezes, com a participação dos pais que tentam garantir a sobrevivência, utilizando-se da maldade ou falsas promessas.
1.1 A VIOLÊNCIA ATINGE A CLASSE ALTA E BAIXA
O Instituto Oswaldo Cruz apresenta pesquisas que vêm demonstrar os “mitos” sobre a violência no Brasil. Podemos atentar para o crescimento das grandes cidades que desenvolveram a violência com maior intensidade, quer seja doméstica ou extra doméstica. As agressões, em suas diversas formas, existem nas diversas camadas sociais.
Esse tipo de violência corrói a sociedade e destrói milhares de brasileiros, necessitando de uma política mais justa de distribuição de renda para satisfação das necessidades básicas da família. Entretanto, a violência doméstica não acontece somente nas camadas populares mais baixas. Encontra-se também nas mais afortunadas, ou seja, nos setores mais elitizados do nosso país e do mundo. Os métodos para solucionar estes problemas são diferentes: uma criança que sofre violência doméstica numa família de pessoas “ricas” ou de poder aquisitivo melhor é levada ao terapeuta, consulta-se psicólogo, enfim, procuram-se alternativas possíveis e viáveis para tratar deste grande problema, ou seja, uma família que possua recursos financeiros terá mais agilidade e rapidez na condução do problema.
Um lugar onde a criança deveria se sentir segura, em sua casa, acontece uma inversão de valores por parte dos seus pais, que na maioria das vezes, é o agressor ou agressora de seus próprios filhos. Segundo a Folha Universal de 29 março, de 2009, à página 16,
O nosso país ficou estarrecido com o caso da menina de 9 anos, no Recife (PE) que engravidou do padrasto, que a estuprava durante 3 anos. Estava grávida de gêmeos. De família pobre, a garota se submeteu a um procedimento que interrompeu uma gestação de 4 meses.
Uma criança que durante todo muito tempo sofreu esse tipo de violência realmente se sente acuada, com medo do padrasto que pode ameaçá-la. Felizmente a mãe acreditou na filha e como responsável pela menina, levou-a para abortar. É preciso lembrar que a violência sexual doméstica é um fenômeno que envolve medo, vergonha e culpa. Por isso mesmo é cercado pelo famoso complô do silêncio.
O professor precisa estar preparado e ter conhecimento das diversas manifestações de violência para ajudar seu aluno e encaminhá-lo ao órgão responsável para tratamento e acompanhamento. Cabe ao professor atitudes humanitárias para com seus alunos, tais como afeto, compaixão, zelo, discrição e amor para com ele e ajudá-lo a superar seus problemas escolares e seculares, na medida do possível, envolvendo-se nas questões que ele conhece e pode resolver, fortalecendo laços fraternos de amor de um para com o outro, na construção do saber e da consciência do outro.
É obrigação de o professor ter um olhar mais humanizado e mais presente ao seu aluno dentro da sala de aula, cuidando dele como se fosse seu filho, seu amigo, para que o mesmo se sinta seguro. Só assim ele poderá observar a mudança de comportamento de seus alunos e aos poucos adquirir sua confiança, para que os mesmos possam relatar o que está acontecendo com eles, ou seja, se estão sofrendo algum tipo de violência. Atualmente os professores alegam que ganham pouco, que estão estressados e isso os torna impacientes, muitas das vezes passando isso para os alunos, prejudicando-os em sua aprendizagem.
Mas o que é ser professor? É ensinar. E ensinar não é educar, não é passar conhecimentos e trocar ideias conjuntas de saberes? O aluno, o amigo e o professor sempre estão se educando no dia-a-dia, na troca de amabilidades, na troca de prazeres de estarem juntos, na troca da alegria no partilhar de dias felizes e tristes e a educação faz parte desse contexto que é a vida e educar é ensinar para um futuro melhor, resultando no processo de desenvolvimento, tornando uma pessoa crítica, contribuindo, assim, para o seu crescimento. Segundo Souza (1995, p. 02),
Muitas crianças que apresentam queixas de mau rendimento escolar encontram-se impedidas de um desempenho intelectual satisfatório. Devido a problemáticas emocionais, muitas vezes relacionados a conflitos familiares não explicitados.
E na elaboração desses conflitos familiares ou individuais podem propiciar a melhoria no rendimento escolar da criança que por sentir vergonha de expor sua situação diante dos colegas é prejudicada, não conseguindo desenvolver seu potencial.
1.2 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E A FAMILIA
A violência faz parte do nosso dia-a-dia. Os jornais, a televisão, o rádio, a internet são meios de comunicação que velozmente nos trazem “notícias ruins”, sendo a maioria delas, de violência. Como esta reportagem do Bom Dia Rio, Jornal matutino local da Rede Globo de Televisão, veiculada no dia 17/07/2009 às 7h 15mim.
Dois policiais militares perseguiam um bandido que fugiu para dentro da escola e houve troca de tiros no pátio. Segundo testemunhas, por volta das dozes horas os policiais perseguiam um bandido que fugiu para dentro da escola que fica em Costa Barros. Na escola houve trocas de tiros e desesperos dos alunos nesse dia havia cerca de seiscentos alunos no pátio que participavam de uma festa julina. A policia militar negou que tenham atirado dentro do Ciep e afirmou que faz patrulhamento na área dia e noite, 24 horas.
Casos como esse, infelizmente, infiltraram-se nas nossas escolas, onde não há segurança. Que paramentos usar na escola? o que fazer diante de problemas tão graves dentro e fora da escola, que é um espaço socializado de conhecimento e regras comportamentais? A sociedade é uma noção ampla, de um conjunto maior de pessoas organizadas pelo direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, tanto de alunos como de funcionários e todo o corpo docente.
Todos os aspectos da vida na sociedade estão fundamentados no direito à vida. Mesmo os povos que não usam o direito, as leis, os códigos, são regulados, possuem uma hierarquia social. Hoje há muitas gangues dentro das escolas que amedrontam os próprios alunos e até os professores, que, muitas vezes, por se sentirem ameaçados, se afastam da escola.
Na sala de aula o individualismo impera. Os alunos só pensam em “se dar bem” e não pensam no coletivo. A indisciplina é a tônica na sala de aula. Os alunos estão cada vez mais embrutecidos, mais cínicos e mais desrespeitosos.
O abuso de poder econômico, aliado à certeza da impunidade, é ingrediente “explosivo” que incentiva os adolescentes a não colocarem freios nos seus desejos e a não pensarem nas consequências. Segundo Maldonado (1977, p.35).
Os comportamentos violentos nas ruas são muito reforçados. Jovens fazem parte de gangues. A necessidade de pertencer a um grupo, ser aceito e valorizado, ser admirado, sentir-se seguro e protegido pela estrutura do grupo são fatores que motivam a filiação tanto a grupos socialmente aceitáveis (como por exemplo, os escoteiros), quanto as gangues de grafiteiros ou às que incentivam condutas violentas e envolvimentos com o tráfico de droga e de armas.
A indisciplina e a violência na escola estão relacionadas ao desaparecimento de valores morais, tais como o respeito, a fraternidade, a amizade, a compreensão, a ética e o amor. Ter um carro, uma casa de praia, se relacionar com pessoas que estejam na mídia, ter um bom tênis são valores priorizados pelos jovens, de forma a compor sua imagem e personalidade perante os colegas. Vivemos um mundo de individualidades.
Falar de virtudes, generosidade, humildade, coragem, justiça soa como fora de moda, pertencente há outros tempos. A impressão é a de que tudo está reduzido à lógica do que se denomina neoliberalismo, para a qual a riqueza, ou ter riqueza parece virtude. Essa “glamorização” se dá em detrimento ou banalização dos valores morais públicos (justiça, honestidade, respeito público). Vivemos numa sociedade que incessantemente convida as pessoas a consumirem, sendo o tempo todo incentivado a perseguirem ideias em que o dinheiro, o poder, o sucesso e o prestígio não se separam.
1.3 FAMÍLIA E ESCOLA – INSTIUIÇÕES PARCEIRAS
Cabe à família a tarefa de estruturar o sujeito em sua identificação, individualização e autonomia. Isso vai acontecendo à medida que a criança vive o seu dia-a-dia inserido em um grupo de pessoas que lhe dá carinho, apresenta o funcionamento do mundo, oferece suporte material para suas necessidades, conta histórias, fala sobre coisas e fatos, conversa sobre o que sentem e pensam, ensina a arte da convivência Cada família tem seus hábitos, suas crenças, seus mitos e medos, sua ideologia e seus objetivos.
A forma de construir o cotidiano está relacionada a uma história que começa com os antepassados dos pais e se alonga no dia-a-dia com seus filhos. Dessa forma, a criança percorre um caminho que vai desde a mais completa fragilidade emocional e dependência absoluta de autonomia e indiferença, até a compreensão do mundo real e a possibilidade de reconhecer o mundo intenso.
À medida que as pessoas vão se envolvendo em família, vão reconhecendo e construindo sua história, criando uma nova forma de ser ou continuação da mesma. A família vai mudando para continuar sendo o pilar de sustentação de cada um e cumprir a sua função socializadora de construir. Ao mesmo tempo em que uma criança sabe que faz parte de determinada família por compartilhar o mesmo sobrenome, costume e ideologia, ela se individualiza por perceber-se diferente da mãe, do pai, da avó ou irmão em determinadas peculiaridades que caracterizam o seu ser e o seu papel na família.
A família é um grupo de pessoas que tem uma organização típica, normas, valores, formas de conduta e que compartilham uma série de coisas, fatos, afetividade e emoções, dando suporte umas às outras. Essas pessoas também lutam por diferenciar-se e serem reconhecidas como únicas. Orientam-se mutuamente no sentido de tornarem-se cidadãos e para exercerem seus direitos e seus deveres, tanto na esfera particular e doméstica, quanto na esfera pública.
Todo indivíduo, apesar de pertencer a uma família, tem sua própria história, suas lembranças, suas conquistas, assim como é único o contexto em que esses fatos se desenvolveram e continuam se desenvolvendo, apesar de olhares, leituras e significados diferentes. Segundo Gomes (1988, p.10).
A família é um núcleo, ou um grupo de pessoas, vivendo uma estrutura hierarquizada, que convive com uma proposta de ligação efetiva e duradoura, incluindo uma relação de cuidados entre os adultos e deles para as crianças e idosos que aparecem neste contexto.
Ao reconhecer as qualidades e os defeitos de cada elemento familiar que compõe o campo sócio-afetivo da família, a criança se diferencia caracteriaza-se e se organiza em seu contexto sócio-emocional e cultural. Seria o mesmo que dizer que, pouco a pouco, ela vai assumindo e simbolizando a sua existência mediante a sua própria rotina de vida, mediante a linguagem como organizadora e promotora de interlocução, mediante o desempenho de papéis e de modelos que lhe possibilitarão o amadurecimento e a capacidade de posicionar-se criticamente.
A família, como grupo social, tem seu corpo de normas, impondo deveres e atribuindo direitos aos seus membros. Exigindo de cada um, cooperação, solidariedade, sacrifício, compreensão, tolerância e amparo aos menores, aos idosos e àqueles que não podem trabalhar por algum problema de saúde. É óbvio que a socialização não ocorre somente no âmbito familiar.
A tarefa de construir valores e comportamentos era exclusivamente da família. Hoje, as crianças vão cedo para as creches, berçários e pré-escolas. A escola é uma instituição potencialmente socializadora. Ela abre um espaço para que os aprendizes construam novos conhecimentos, dividam seus universos pessoais, ampliem seus ângulos de visão. É emoção e razão que se fundem em busca de sabedoria.
A escola de hoje pretende desenvolver, no estudante, uma conduta própria que viabilize o conhecimento e não mais apenas acumulá-lo. A atitude dos profissionais da escola está pautada no conhecimento de onde encontrar as informações adequadas, para aquela comunidade, voltada a uma metodologia que deve transformar em aprendizagem as vastas experiências sociais. Existe, na sala de aula, uma relação de troca entre professor e aluno, onde quem ensina aprende e vice-versa. Não basta o professor desejar que o aluno aprenda. O aluno precisa desejar aprender, sentir prazer em apropriar-se de sua autonomia. É uma via de mão dupla. Aprendente e ensinante tem a responsabilidade compartilhada no ato de aprender. Com o que concorda SOUZA (1995, p. 2), que diz:
Muitas crianças que apresentam queixa de mau rendimento escolar encontram-se impedidas de um desempenho intelectual satisfatório devido a problemáticas emocionais, muitas vezes relacionadas a conflitos familiares não explicitados, e na elaboração desses conflitos (familiares ou individuais) propiciam a melhora no rendimento escolar.
O filho, quando se sente pressionado em seu próprio lar, não tendo espaço para diálogo com os pais, tende a se fechar, porque quando abre a boca para falar é recriminado. Isso pode prejudicar e muito o seu rendimento escolar, pois se sente reprimido. Tanto a escola quanto a família educa para que o sujeito, em posse de instrumentos sociais, possa ser educado e feliz. Para aprender, uma criança precisa estar em contato com suas possibilidades, com seus limites, reconhecer os próprios desejos e estar disponível para uma aventura; aventura essa de desvendar o mundo.
2 PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA VÍTIMA
À escola de hoje cabe oferecer suporte e espaço adequado ao aprendente. Ao professor cabe ter a capacidade de observação e sensibilidade capaz de atentar aos problemas que afligem seus educandos, dando-lhes o suporte à sua superação e, quando necessário, encaminhando-os a profissionais suficientemente capacitados para ajudá-los.
O desempenho escolar da criança deve ser analisado considerando-se não apenas suas características pessoais, mas também seu ambiente familiar e seu comportamento no ambiente escolar. No âmbito da aprendizagem, a interação desses fatores pode contribuir tanto para o sucesso como para o fracasso. O baixo rendimento escolar deve ser atribuído não só às características individuais, mas também do contexto familiar, escolar e social.
A escola tem um papel fundamental no processo de desenvolvimento da criança em geral e da vítima de violência em particular. Isso porque precisa desenvolver nela sentimentos de otimismo e um relacionamento seguro e positivo com adultos e com seus colegas.
Muitas vezes a criança verbaliza seu drama. Quando sofre violência, tem muita dificuldade de entrosamento com os colegas, se acha a “pior da turma” devido ao baixo grau de autoestima, sente-se incapaz o tempo todo, nunca age positivamente, é imatura, fica sempre arredia, seu amor é inconstante e está sempre sobressaltada. Nas brincadeiras, se comporta de forma agressiva.
O professor, como especialista da educação, possui em suas mãos a ferramenta necessária para a construção e reconstrução dos alunos que sofrem de violência. Ele, com sua vivência didática, saberá integrar o aluno na sala de aula, proporcionando-lhe um ambiente propício para o exercício da cidadania.
O professor deve trabalhar as crianças que sofrem “violência”, respeitando a forma, a capacidade e a evolução de cada um respeitando suas limitações, ensinando ao grupo a se ajudar, tanto individualmente quanto coletivamente, usando uma metodologia e um processo de aprendizagem baseados no construtivismo, onde o aluno é o construtor de seu conhecimento, usando seus dons, talentos, habilidades e competências. Freire (1975, p.78) afirma que:
Toda prática educativa demanda a existência de sujeitos, um que ensinando aprende, outro que aprendendo, ensina, daí o cunho gnosiológico de objetos conteúdos a serem ensinados e aprendidos, evolve o uso de métodos, de técnicas, de matérias, implica em função de seu caráter diretivo, objetivo, sonhos, utopias e ideais.
Durante muito tempo o aprender foi visto como sinônimo de memorizar. Esta concepção de aprendizagem justificava a organização de uma escola cuja função primordial consistia no repasse do maior número de informações possíveis aos alunos. Acreditava-se que juntando as pequenas partes, os alunos seriam capazes de compreender o todo. Esta concepção de aprendizagem influenciou a educação durante séculos, criando uma pedagogia repetitiva e da “decoreba”, criando um caráter superficial na educação, baseando-se na repetição dos livros em detrimento de um saber crítico, avaliativo e consistente do aluno.
Frobel (1782-1852) era contra métodos mecânicos e padronizados de aprendizagem e até hoje são usados nas instituições pré-escolares. Sua proposta educacional baseava-se nas atividades que incluíam o jogo e atividades de operação entendidas como origens da atividade mental. Frobel partia também da intuição e da ideia de espontaneidade infantil, preconizando uma autoeducação pelo jogo, por suas vantagens morais, além de seu valor físico.
A obra de Montessori (1867-1952), como ela mesma proclamava, inscreve-se e está inserida numa pedagogia científica, que baseada numa formação pelas ciências da natureza explica, a concepção de que a educação deve inspirar-se na natureza e nas leis de desenvolvimento infantil, abolindo os hábitos tradicionais de uma educação tradicionalista. Maria Montessori enfatizou o aspecto biológico do crescimento e do desenvolvimento infantil, criou materiais adequados para a exploração sensorial das crianças, específicos a cada objetivo educacional.
Diminuiu o tamanho do mobiliário usado pelas crianças na pré-escola e criou também a diminuição dos brinquedos e objetos domésticos e cotidianos a serem usados para brincar. Efetuou, portanto, a naturalização dos brinquedos, adequando-os ao tamanho das crianças.
Segundo Montessori, a educação deve inspirar-se na natureza e nas leis de desenvolvimento infantil, à margem dos hábitos tradicionais, porque seu sistema fundamental é mais de desenvolvimento do que de adaptação. Para essa autora, a vida não é abstração e sim vitalidade (Nova Escola, 2009). Portanto, sua filosofia é vitalista; pressupõe que as crianças são corpos que crescem e almas que se desenvolvem, necessitando de uma vida potencial que as desenvolva e que as torne ativas e felizes. Além de ser médica, Montessori era também formada em pedagogia, psicologia e antropologia, tendo um grande conhecimento da alma humana.
O principio básico de seu sistema é liberdade, atividade e individualidade. A pedagogia Montessoriana requer um novo paradigma de educação, pois o educador deve observar e orientar as atividades psíquicas do seu crescimento biológico e psicológico. O professor deve estabelecer as atividades espontâneas na criança, contribuindo para que ela desenvolva sua autonomia, sua individualidade e passe a respeitar seus semelhantes.
A escola, Instituição Social delegada da família, deve estar comprometida com a promoção do desenvolvimento humano e com o atendimento das necessidades da sociedade. Assim, o seu processo de gestão de ensino deve ter uma visão global e uma ação local, visando a inserção contextualizada do aluno em todas as suas dimensões, no mundo moderno, de forma autônoma e participativa, numa nova tomada de consciência do professor em relação a ele mesmo e ao aluno, sendo necessário um olhar profundo e observador da maneira como o professor se comporta, transmitindo uma didática viva, contagiante, que modifique as pessoas que estejam ao redor.
A escola é uma instituição que possui o dom de “moldar” o caráter das pessoas porque ensina a criança, desde pequena, a se comportar como cidadã. Nela desenvolve conceitos fundamentais como respeito próprio, solidariedade, amor ao próximo, dignidade, lealdade e, principalmente, as noções de direitos e deveres. A escola, como espaço de socialização, exerce uma importante função através do diálogo, dando voz às pessoas para que elas dialoguem e expressem suas opiniões, suas vontades e seus anseios.
A educação transforma as pessoas porque preserva, em seu processo, a liberdade de opiniões e a gentileza em suas ações. Por isso é que ela não só transforma, como faz das pessoas seres melhores para si e para a sociedade, como poderá modificar os reprodutores de atitudes violentas, transformando sua agressividade em equilíbrio, pois uma pessoa equilibrada pensa, pondera, questiona e age com harmonia, tranquilidade e pacificidade.
O professor deve criar métodos de aprendizagem para motivar o aluno, voltados para o real interesse dos mesmos, tornando-os agentes do processo educacional, propondo atividades em jogos criativos como uma das saídas viáveis para uma maior integração entre as pessoas, contribuindo para o desenvolvimento da aprendizagem.
O brinquedo é um convite ao brincar e o brincar é a oportunidade mais harmoniosa e completa do desenvolvimento de que o ser humano dispõe. O brinquedo estimula a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança. O brincar é um dom natural que, bem cultivado, contribuirá para a eficiência e o equilíbrio do adulto. O brinquedo traduz o real para a linguagem infantil, suavizando seu impacto e servindo de intermediário para que a criança consiga integrar-se, compreender e desenvolver suas potencialidades de maneira criativa.
Ao brincar com amigos a criança aprende a conviver, procurando regras e limites, aumentando sua resistência a frustrações. A integração lúdica, especialmente em jogos grupais, vão construindo a sociabilidade infantil, desenvolvendo a atenção e a concentração, pois leva a criança a absorver nos grupos as normas sociais e grupais para engajar-se na vida de sua comunidade de uma maneira saudável e criativa.
A criança brinca e joga para dominar angústias e controlar impulsos, assimilando emoções e sensações para tirar provas do eu, estabelecendo contatos sociais, compreendendo o meio, satisfazendo desejos, desenvolvendo habilidades, conhecimentos e criatividade. Isso quer dizer que quando jogamos, brincamos brincadeiras antigas ou tradicionais e ensinamos a outros, estamos reportando a nossos antepassados e nos ensinamentos que nos deram senso de continuidade, permanência e pertencimento.
Através da nossa história e de nossa cultura, a brincadeira e o jogo geram atividades que fazem pensar, onde as crianças aprendem a desenvolver o raciocínio, pois a atividade lúdica pressupõe ações, provocando a cooperação e a articulação, estimulando a representação de vários papéis desempenhados por eles mesmos. As interações entre crianças favorecem a superação do egocentrismo, desenvolvendo a solidariedade e a empatia no compartilhar.
O brincar e suas interações na escola possibilitam a aprendizagem cognitiva do aluno. Na brincadeira a criança interage com o outro, constrói sua identidade, desenvolvendo a cidadania, o respeito pelos colegas, aprende a esperar a vez, exercitando a convivência pacífica do repartir. As brincadeiras desenvolvem a criatividade das crianças, estimulando sua imaginação e o ludicismo. Brinquedos como escorrega, balanço e gangorra são brinquedos que fazem as interações, tão necessárias no dia-a-dia, no desenvolvimento físico, motor e cognitivo das crianças. Os brinquedos convidam as crianças a entrarem no mundo da fantasia e do faz de conta. Um brinquedo pedagógico interfere no desenvolvimento da criança, na sua autonomia e no seu conhecimento.
2.1 OS JOGOS NO PROCESSO DE CURA DA VIOLÊNCIA
Para Piaget (1979), os jogos dividem-se em jogos de exercícios, simbólico e de regras, além dos jogos de construção presentes ao longo do desenvolvimento. A finalidade dos jogos de exercícios é o próprio prazer do funcionamento. Os jogos simbólicos têm como função a compensação de desejos e a liquidação dos conflitos e expressam-se no “faz de conta” e na ficção. Os jogos de regras são aqueles cuja regularidade é imposta pelo grupo, resultado da organização coletiva das atividades lúdicas.
Nos jogos de cooperação e de grupo, as crianças brincam juntas porque já possuem objetivos comuns. O brincar e o brinquedo possibilitam a atividade mental, social, física, emocional e psíquica das crianças. Através da observação o educador compreende o que precisa trabalhar no seu aluno na sala de aula. A brincadeira é uma das maiores ferramentas de trabalho, pois a criança ao brincar está livre de qualquer receio, temores ou problemas, pois na brincadeira ela se solta e interage com seus colegas, voltando a ser “criança” novamente, mesmo que seja desfrutando de um breve período de alegria.
O brincar é muito importante nas relações sociais. A brincadeira produz amizade, camaradagem, compreensão, gentileza e outros sentimentos de socialização do ser humano. Sua prática promove o exercício frequente do amor e da fraternidade.
O educador precisa resgatar os alunos vítimas de violência. Aliada à brincadeira, a arte é um importante fator nesse resgate.
A arte trabalha a Geografia, a História, a agricultura, as formas, as cores, as texturas e a geometria. É através dela que o educador pode realizar um trabalho onde possa ensinar esses alunos a descobrir, a ter novos olhares e posturas de novos comportamentos, usando a sensibilidade, a gentileza, a compreensão e o amor na sala de aula.
O professor pode, por meio de seus atos e atitudes, transformar os alunos vítimas de violência, utilizando um olhar pedagógico e mágico, permitindo que a sala de aula se transforme em um ambiente acolhedor e prazeroso de estar e aprender. Aprendendo a escolher o que é necessário e a distinguir, diante das imagens que rodeiam o nosso dia-a-dia, o que pode ser útil ao ser e ao viver em paz.
CONCLUSÃO
É preciso que as pessoas não se omitam diante da violência doméstica, denunciando-a aos órgãos competentes para que os mesmos tomem as providências cabíveis. Cabe ao poder público contribuir para ajudar crianças e jovens vítimas de violência, elaborando programas de prevenção e combate à violência doméstica, criando canais públicos de denúncia.
A questão da violência não deve interessar apenas aos profissionais nela envolvidos (policiais, advogados, promotores de justiça e magistrados), mas também a todas as pessoas e, principalmente, aos educadores e à sociedade como um todo. É de grande urgência que a sociedade “desperte” para essa questão, pois o elevadíssimo grau de violência assola e esfacela a humanidade.
A violência banalizou-se entre nós. Podemos ver na educação a saída para a temática da violência humana. Sua proposta é formar crianças e jovens para serem construtores ativos da sociedade na qual vivem e exerce sua cidadania, independente da sua condição. É preciso que os educadores estejam preparados, obtendo maiores esclarecimentos sobre a violência doméstica, para que possam ajudar seu aluno, analisando o fracasso ou o sucesso escolar do mesmo, inclusive daquele que possivelmente sofra violência no ambiente familiar, considerando não apenas suas características pessoais, mas também o contexto familiar. Interagindo com os familiares, poderá promover a igualdade e a proteção à criança vítima de violência doméstica.
REFERÊNCIAS
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TV GLOBO. Bom dia Rio, 17/07/09 07h15min da manhã.
Trabalho de conclusão de curso de Pedagogia, apresentado por Rosane Areas à FACNEC - Faculdade Cenecista de Itaboraí